“You’re not alone in anything / You’re not alone in trying to be.”
Suo.
Sou.

Lá do alto, uma propagação divina chega até mim.
Quente. Doce.
Lá do alto, uma forma de crença.
Na minha pele – o que me reveste – o quente é um sentido, uma razão.
Amar é pouco mais do que isto – um prazer crente.
Estou febril – é o divino em mim, o 0.000000013% do Uno, do Absoluto.
Mas é absurdo; inconcebível; irreal.
O prazer desvanece-se. O organismo cansa-se da fé e reage – qual verme – com repulsa.
O suor forma-se. Os sinais eferentes do hipotálamo viajam através do tegmento da ponte e das regiões medulares da rafe até à coluna de células intermediolateral da medula espinhal. – Chiu. Não quero saber.
Na medula, os neurónios emergem do corno ventral, passam pelo ramo comunicante brano e fazem sinapses nos gânglios simpáticos.
Depois, as fibras C pós-ganglionares não mielinizadas passam através do ramo comunicante cinza, combinam-s com os nervos periférios e viajam para as glândulas sudoríparas.
O suor forma-se – a minha doutrina em licor.
E, à superfície, na pele que me reveste, o calor concentra-se nas pequenas gotículas, ascendendo numa forma de energia que leva o quente e leva o suor – leva a crença e leva a doutrina.
Eu não ascendo.
Os meus pés abraçam o solo como uma mãe abraça um filho.
O organo é perfeito.
Em cada função, rejeita o opaco, o obtuso; espelha a força do erro, do ajuste sistémico, da transmissão dos genes.
As falhas, os defeitos, as dissonâncias, as incoerências: não são paradoxos da perfeição.
A nossa noção de perfeição é que é paradoxal.

No singelo momento em que existe, o organo é pleno – o culminar do que o antecede.
No término, torna-se parte do seguinte.
E assim se sucedem, nos sucedemos.
Por vezes, na cegueira da noite, falho um passo ou sinto um degrau que não existe.
E, no momento em que a minha consciência codifica a realidade da queda iminente – e na ausência de qualquer forma de humilhação – ascendo ao primitivo e ruge em mim o desejo primordial da vida; o que veio, por sucessões, do prelúdio da minha linhagem.
Eu sou sangue do meu sangue.
O abstracto do que me tornou possível: os sonhos e crenças, a atracção e o sexo, o bárbaro e cruel, a violência e pecado, a raiva e o perdão.
O que verto, quando me corto, são as vidas de mil homens.