101 razões para votar.
- Abílio Augusto Belchior, 39 anos, morreu no Campo de Concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Abílio Sousa Marques, 26 anos, morreu na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- Adelino Marques de Andrade, 44 anos, morreu na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- Agostinho da Silva Fineza, 46 anos, morreu assasinado pela PSP em Lisboa numa manifestação para que pudesses votar;
- Alberto de Almeida, 25 anos, morreu deportado em Timor para que pudesses votar;
- Albino de Carvalho, 56 anos, morreu no Campo de Concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Albino Coelho Júnior, 43 anos, morreu no Campo de Concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Alexandre Rodrigues Morgado, 51 anos, morreu na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- Alfredo Assunção Diniz, 28 anos, morreu assassinado por agentes da PIDE para que pudesses votar;
- Alfredo Caldeira, 30 anos, morreu no Campo de Concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Alfredo Dias Lima, 19 anos, morreu assassinado a tio pela GNR durante uma manifestação para que pudesses votar;
- Alfredo Ruas, 24 anos, morreu assassinado num comício de juventude em Lisboa para que pudesses votar;
- Amadeu Ferreira Piedade, 63 anos, morreu na prisão do Forte de Caxias para que pudesses votar;
- Antenor da Costa Cruz, 47 anos, morreu nos calabouços da PSP do Funchal durante interrogatórios para que pudesses votar;
- António Assunção Tavares, 29 anos, morreu em consequência de tortura para que pudesses votar;
- António Augusto Duque, 56 anos, morreu na cadeia civil de Bragança para que pudesses votar;
- António Carlos Ferreira Soares, 39 anos, morreu assassinado por agentes da PVDE para que pudesses votar;
- António Graciano Adângio, 27 anos, morreu assassinado pela GNR em Aljustrel para que pudesses votar;
- António Guedes Oliveira e Silva, 40 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- António Guerra, 35 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- António de Jesus Branco, 36 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- António Lopes Almeida, 35 anos, morreu na cadeia do Aljube, vítima de tortura para que pudesses votar;
- António Lourenço da Costa, 58 anos, morreu na prisão da Fortaleza de Angra do Heroísmo para que pudesses votar;
- António Mano Fernandes, 27 anos, morreu na prisão do Forte de Peniche por falta de assistência médica para que pudesses votar;
- Armando Gomes da Silva, 23 anos, morreu em Lisboa pelas forças policiais para que pudesses votar;
- Arnaldo Simões Januário, 41 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Artur de Oliveira, 49 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Augusto Almeida Martins, 23 anos, morreu na sede da PVDE, vítima de tortura para que pudesses votar;
- Augusto Costa, 36 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Aurélio Dias, 30 anos, morreu torturado na Penitenciária de Lisboa para que pudesses votar;
- Belmira da Conceição Santos, 17 anos, morreu assassinada pela PSP na repressão da Revolta da Água para que pudesses votar;
- Bento António Gonçalves, 40 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Cândido Alves Barja, 27 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Cândido Martins Capilé, 28 anos, morreu assassinado pela GNR durante uma manifestação em Almada para que pudesses votar;
- Carlos Alberto Rodrigues Pato. 29 anos, morreu na pirsão do Forte de Caxias para que pudesses votar;
- Casimiro Júlio Ferreira, 32 anos, no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Catarina Eufémia, 26 anos, morreu assassinada pela GNR num protesto para que pudesses votar;
- Damásio Martins Pereira, 37 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Edmundo Gonçalves, 44 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Emídio Bandeira, 56 anos, morreu vítima de tortura para que pudesses votar;
- Ernesto José Ribeiro, 30 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Estêvão Giro, 25 anos, morreu assassinado pela PSP durante uma manifestação para que pudesses votar;
- Fernando Alcobia, 22 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Fernando Carvalho Giesteira, 18 anos, morreu assassinado a tiro por agentes da PIDE/DGS no dia 25 de Abril de 1974 para que pudesses votar;
- Fernando Luís Barreiros dos Reis, 23 anos, morreu assassinado a tiro por agentes da PIDE/DGS no dia 25 de Abril de 1974 para que pudesses votar;
- Fernando Matias Rodrigues, 40 anos, morreu na Penitenciária de Lisboa para que pudesses votar;
- Francisca Colaço, 29 anos, morreu assassinada por agentes da PIDE para que pudesses votar;
- Francisco Cruz, 27 anos, morreu na Fortaleza de Angra do Heroísmo para que pudesses votar;
- Francisco Domingues Quintas, 47 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Francisco Esteves, 20 anos, morreu na sede da PVDE, vítima de tortura para que pudesses votar;
- Francisco Ferreira Marquês, 30 anos, morreu espancado para que pudesses votar;
- Francisco José Pereira, 28 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Francisco Madeira, 41 anos, morreu assasinado a tiro pela GNR em Aljustrel para que pudesses votar;
- Francisco do Nascimento Gomes, 34 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Francisco de Sousa, 22 anos, morreu assassinado pela GNR numa manifestação para que pudesses votar;
- Germano Vidigal, 35 anos, morreu vítima de tortura num posto da GNR para que pudesses votar;
- Gervásio da Costa, 34 anos, morreu vítima de tortura na sede da PIDE para que pudesses votar;
- Henrique Vale Domingues Fernandes, 29 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Humberto Delgado, 59 anos, morreu assassinado pela PIDE para que pudesses votar;
- Jacinto de Melo Faria Vilaça, 27 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Jaime da Costa, 18 anos, morreu pelas mãos das forças policiais, numa acção popular para que pudesses votar;
- Jaime Fonseca de Sousa, 38 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- João Ferreira de Abreu, 30 anos, morreu vítima de tortura na sede da Polícia de Informações para que pudesses votar;
- João Guilherme Rego Arruda, 20 anos, morreu assassinado a tiro por agentes da PIDE/DGS no dia 25 de Abril de 1974 para que pudesses votar;
- João Lopes Dinis, 37 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Joaquim António Pereira, 32 anos, morreu à fome e vítima de maus tratos no presídio de Batugadé para que pudesses votar;
- Joaquim Correia, 30 anos, morreu espancado para que pudesses votar;
- Joaquim Lemos de Oliveira, 49 anos, morreu na delegação da PIDE do Porto para que pudesses votar;
- Joaquim Lopes Martins, 22 anos, morreu vítima de tortura na sede da Polícia de Defesa Política e Social para que pudesses votar;
- Joaquim Luís Teixeira Magalhães, 25 anos, morreu na cadeira do Aljube para que pudesses votar;
- Joaquim Marreiros, 38 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Joaquim Montes, 31 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- José Adelino dos Santos, 46 anos, morreu assassinado pela GNR durante uma manifestação para que pudesses votar;
- José António Companheiro, 21 anos, morreu na sequência de maus-tratos na prisão para que pudesses votar;
- José António Patuleia, 40 anos, morreu vítima de torura na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- José António Ribeiro Santos, 26 anos, morreu assassinado a tiro por agentes da PIDE/DGS nuam reunião estudantil para que pudesses votar;
- José Centeio, 20 anos, morreu assassinado pela PIDE para que pudesses votar;
- José Dias Coelho, 38 anos, morreu assassinado pela PIDE para que pudesses votar;
- José Dias da Costa Pereira, 30 anos, morreu assassinado pelas forças policiais para que pudesses votar;
- José Duarte, 60 anos, morreu na prisão da Fortaleza de Angra do Heroísmo para que pudesses votar;
- José Garcia Godinho, 62 anos, morreu no Forte da Trafaria, ao ser-lhe recusado internamento hospitalar, para que pudesses votar;
- José James Harteley Barneto, 37 anos, assassinado a tiro no dia 25 de Abril de 1974 para que pudesses votar;
- José Lopes da Silva, 29 anos, morreu torturado para que pudesses votar;
- José Manuel Alves dos Reis, 49 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- José Maires, 25 anos, morreu na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- José Moreira, 37 anos, morreu assassinado pela PIDE, o seu corpo lançado por uma janela, para que pudesses votar;
- José Vaz Rodrigues, 41 anos, morreu na Penitenciária de Coimbra para que pudesses votar;
- Júlio dos Santos Pinto, 22 anos, morreu torturado na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- Luís Guerra Correia, 34 anos, morreu assassinado pelas forças policiais para que pudesses votar;
- Manuel Agostinho Góis, 42 anos, morreu torturado pela PIDE para que pudesses votar;
- Manuel Augusto da Costa, 58 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Manuel Coelho, 47 anos, morreu assassinado pelas forças policiais para que pudesses votar;
- Manuel Fiúza da Silva Júnior, 69 anos, morreu torturado pela delegação da PIDE no Porto para que pudesses votar;
- Manuel Maria Valente de Pinho, 38 anos, morreu assassinado pelas forças policiais para que pudesses votar;
- Manuel Pestana Garcês, morreu torturado na cadeia do Funchal para que pudesses votar;
- Manuel Vieira Tomé, 47 anos, morreu torturado na cadeia do Aljube para que pudesses votar;
- Mário dos Santos Castelhano, 44 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Paulo José Dias, 39 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Rafael Tobias Pinto da Silva, 26 anos, morreu no campo de concentração do Tarrafal para que pudesses votar;
- Rosa Morgado, e os seus filhos António, Júlio e Constantina, morreram assassinados pela GNR em Benavente para que pudesses votar;
- Todas as incontáveis pessoas que – assassinadas, deixadas para morrer, torturadas, exiladas, desumanizadas – deram a vida para pudéssemos todos votar.
E porque não são só nomes:
Raul Alves
Filho de José Alves e Mariana de Assunção, nascido a 9 de Março de 1914 em Vialonga.
Foi torturado por 15 dias na prisão do Aljube, antes de ser atirado do 3º andar.
A esposa do embaixador do Brasil terá presenciado o momento, denunciando-o ao cardeal-patriarca de Lisboa.
Na sequência da denúncia, o Ministério do Interior comunicou-lhe:
“Não há motivo para ficar tão impressionada. Trata-se apenas de um comunista sem importância.”
Tinha 44 anos.
Sãozinha (Belmira da Conceição Gonçalves)
Filha de Manuel Gonçalves Júnior e Ana Conceição Silva Relva, nascida a 18 de Abril de 1945 na Lombada da Ponta do Sol.
Participou na Revolta das Águas, onde os moradores pernoitaram na rua, tentando impedir que a água da Levada do Moinho fosse desviada para a Levada Nova.
Numa noite, dezenas de polícias cercaram, espancaram e abriram fogo sobre os moradores.
Sãozinha foi atingida na cabeça, morreu instantaneamente.
Tinha 17 anos.
Fernando Alcobia
Filho de Júlia Alcobia e pai incógnito, a 15 de Fevereiro de 1914, em Lisboa.
Foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, integrando a primeira leva de presos políticos.
Sofreu maus-tratos e várias passagens pela frigideira – pequena estrutura, completamente fechada e exposta ao sol, pelo que o seu interior atingia temperaturas muito elevadas.
Passou os seus últimos dias em agonia, pedindo pelo médico que só o veio ver na noite anterior à sua morte, recomendando que lhe pusessem compressas frias na testa.
Tinha 24 anos.
O Museu do Aljube, no seu site, tem uma secção intitulada “Os que Ficaram pelo Caminho” onde se conta a vida destas pessoas.
É só seguir o link – Os que Ficaram pelo Caminho.
