longitudes. (IV)

I
Saúdo o fim dos dias com um breve erguer do chapéu.
É assim que quero terminar e despedir-me.
Porém, o dia vai nascer, novamente, e é certo que o louvarei do mesmo modo.
Claro que é só uma introdução!
Hipérboles que não se sentem – não em extensão, só em amargura.
Na verdade, são metáforas pretensiosas – regaladas por alguém dar conta de si.
Talvez até sejam antíteses, contrastando – não o que dizem – mas a ausência do que pretendem.
Como em nós – pequenos deambulantes, rejeitados do paraíso,
Sucumbindo aos desejos, apetites e à insaciável, sádica curiosidade –
Também nas palavras vivem múltiplas figuras de estilo.
Afinal, é a personificação que faz delas coitadas,
E tristes, contentes, serenas ou intoleráveis
(Enumerem-se mais umas quantas).
E é por aí que me limito.
Sobre o resto –
O carácter linguístico e sintático de cada uma –
Deixo para os especialistas;
Eu nunca aprendi os complementos decentemente;
E mesmo nos verbos, vejo pretéritos em demasia.
Tão-só aprecio o presente do indicativo – é um tempo em nada ambíguo, estoico por natureza.
Lá finalmente nasce o dia –
O quente sol, o bem análogo,
as tonalidades que retratam o ridículo do fingimento –
E não consigo (nem tentaria) evitar o pensamento que me assola:
“Que seria de nós, sem as figuras de estilo?”